20081205

O labirinto

ooops e agora? Não há saída! Outra vez! Uma parede densa de arbustos tapa-me o caminho. E já está a ficar frio... e a noite sem estrelas a caír...

Gosto de labirintos, de me embrenhar à descoberta do caminho para chegar ao outro lado, onde vou encontrar o tesouro. A adrenalina de não saber o que está no outro extremo provoca-me um misto de emoções que alterna (ou não) medo, sorrisos parvos, ansiedade, vontade de desistir, acreditar que serei capaz e mais umas tantas outras desconexas e que jamais se sentiriam simultaneamente... se não estivesse a percorrer o labirinto.

Já experimentei labirintos de todos os tipos: em papel, de milho, de um material estranho cor-de-rosa, em tamanho real, numa folha de uma revista, no ecrã de um computador... desta vez estou num labirinto escondido na floresta, talvez o mais assustador de todos até agora.

Decidi voltar para trás e experimentar uma passagem que vi há uns minutos, tenho que correr, a luz está a acabar e depois... depois não sei...

A passagem é apertada. Alguns arranhões depois, chego a um espaço mais amplo. É lindo! O luar ilumina algumas árvores com flores, consigo ouvir alguns animaizinhos que se preparam para saír e outros que juntam as familias para se aconchegarem e dormirem até o sol voltar a raiar...

Parada no centro da clareira observo tudo os que os meus olhos e o meu coração conseguem atingir. Sinto-me como uma menina pequenina no meio de um palácio, que olha deslumbrada a beleza que a rodeia. Rodopio para ver mais e mais e mais...

De repente apercebo-me da minha condição. Estou no meio de um labirinto, no meio da floresta, é de noite, não tenho ideia de como chegar ao outro lado e... estou sozinha... sou assolada por uma espécie de tristeza, daquela que é espicaçada pelo medo.

Chegam os fantasmas da noite e tudo o que eu queria era voltar para o quentinho da minha cama, com a minha família ao lado e os meus amigos perto.

Que estupidez! Mas eu gosto de labirintos!!! Eu escolhi este! Lembro-me quando fazia labirintos nas revistas e pensava no labirinto da floresta: O labirinto. O labirinto chamava-me, quase como por magia. Sentia-o presente, sentia-me nele, mesmo quando ainda lutava contra os ramos para chegar à entrada, mesmo ainda quando não passava de um lugar imaginário.

Às vezes a noite faz-nos sentir assim, a querer desistir. Porque a noite é escura e é silenciosa, de um silêncio que nos obriga a ouvir o que não queremos. Porque a noite é solitária e desconhecida, de um desconhecido que assusta e motiva. Mas a noite também passa. Daqui a umas horas vai amanhecer e com a luz da madrugada, volta o meu acreditar e o meu querer. E a cada dia no labirinto esse acreditar e esse querer vão-se tornando mais fortes e os fantasmas à noite vão ficando cada vez mais longe.

O labirinto é gigante e repleto de árvores e arbustos e animais, não tenho ideia da minha posição actual, mas a sensação de estar aqui é maior que eu!

Oh não! Mais uma parede a bloquear o caminho! Here I go again!

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