20081126

Os medos... os meus... e os teus?


Ontem perguntaram-me qual o meu maior medo... não hesitei:

Ficar sem objectivos!

Gosto da adrenalina de descobrir novos caminhos a cada passo, gosto da surpresa, abomino planos exaustivos, sou desorganizada, procuro sempre algo de novo. A minha mãe, fruto de outra geração, de outra "criação" diz com algum pesar ou talvez até mesmo desespero: "Ai que bom era se tu te contentasses com o que tens, com o que és, onde estás!" Nesses momentos tenho vontade de sorrir! É verdade o que já outrora os sábios diziam "parar é morrer" e não me imagino sem a mudança e a procura constante.

Aqui, a reflexão merece um parêntesis, não se vá pensar que o querer mudar e procurar sempre é sinónimo de imaturaridade. Não, mesmo as próprias mudanças mudam ao longo do percurso :)

Como seria ficar sem objectivos?! Tenho medo, mesmo muito.... ficar sem objectivos é ficar sem razões para lutar, sem motivos de sorrisos, sem força para procurar, ou simplesmente: sem porquês para responder...

Não sei se alguém lê este blog, mas se passar por aqui alguma alma perdida: Qual é o teu maior medo?

20081124

Para ser maior...

Descobri há uns dias esta música. Desde então tem-me acompanhado, qual som teimoso que não abandona o meu subconsciente (e às vezes o consciente também!).

"Ensina-me a amar, a arriscar, a saber ser maior" Ensina-me... talvez já tenha aprendido um dia, mas tenho que reaprender sempre! A rotina, as desilusões, as árvores deitadas no meio da estrada, as faces ruborescidas de fúria ou pálidas de descontentamento ou mesmo os olhares cansados... todos me fazem esquecer como se faz para amar, para arriscar, para ser maior*

Então, em jeito de prece ou ainda de grito que desperta...:

Maria, Maria
Procuro por Ti
Trago este vazio
E o desejo de dar cor à minha vida
Quero pintar
Esta história que estou a criar
Quero ser mais
Minha grandeza afirmar
Ser poeta, ser cantor, ser o céu
Onde mora tudo o que eu vou ser
Se eu souber ser amor

Maria, Maria
Não sei que aconteceu
Se o mundo ou se fui eu
Enganou-se o amanhã sem piedade
Fecha-se a luz
Sobre as almas da minha idade
Esconde-se o céu
Onde eu quero ser mais verdade
Minha Senhora e minha Mãe
Olha bem por nós
Sem Teu amor
Ficaremos sós.

Maria, Maria
Mãe do silêncio
Mãe da humanidade
Em Teu seio o meu senhor se gerou
E Tu o contemplaste
Cheia de amor e ternura
Teu filho desejado
e por ti muito amado
Minha Senhora e minha Mãe
Ensina-me a amar
E arriscar
A saber ser maior

Mafalda Arnauth


*ser maior que eu, no sentido de auto-crescimento, não numa perspectiva de competitividade estúpida

20081118

A new Journey... MY JOURNEY!

Durante muito tempo fiquei na margem, a olhar as ondas preguiçosas que, como quem dispõe de todo o tempo do mundo, desenrolavam na areia. Ouvia as gaivotas, ruidosas. Observava as pessoas que por ali passavam, algumas nem davam pela minha presença... de tal forma era natural encontrar-me ali envolta no meu mundo. Outras sorriam e continuavam, de pés descalços sentindo o calor e o frio nos pés, sentindo que estavam vivas a cada passo...

E eu continuava... na margem...

À espera que chegasse o momento...

Enquanto esperava deu tempo para tudo [pensava eu]: rezei, ri, chorei, afastei, reuni, preparei, lutei...

Até que... os acontecimentos sucederam-se, a embarcação chegou com destino marcado, está na hora, não posso parar, tenho que embarcar. Já está!!!

20081112

Apatia


Ouço só. Vejo só. Sem palavras, sem compromissos, sem ideias. Num estado de dormência apática, se é que isso existe.

Até já

20081107

Rotinas

Mais um dia. Acordo, banho, pequeno-almoço, venho para a empresa. Uma depois da outra, lá vou fazendo uma série de tarefas chatas, num dia em que [felizmente] não há problemas de maior [= não há emoção]. E é 6ª feira! A única motivação é mesmo chegar ao fim do dia porque amanhã já é fim-de-semana.

Milhões de pessoas no mundo repetem-se, dia após dia, umas no escritório, outras em salas de aula, outras em linhas de produção fabris, outras em campos de refugiados, outras em prisões de alta segurança, outras no centro de conflitos armados...

Mais uma rotina: abrir o google news. Deparo-me hoje com os recém-instalados misseis russos, a merecida ovação Obama, o gritante conflito no Congo... Que mundo é este?!, penso... mas lá toca o telefone, fecho a página do browser e passo à rotina seguinte.

É fácil mudar de página na net ou mesmo desligar a TV, mas e quem tem outras rotinas. E quem não pode mudar para um site mais agradável ou para uma estação de rádio onde passe música agradável? E quem não pode saír à noite com um amigo, só para esquecer as mágoas. E quem não tem opção?!

A minha reflexão, que começou por ser sobre as rotinas e a indiferença das pessoas, segue já um caminho subtil que me leva a fazer o paralelo com as outras rotinas de outras pessoas, noutros contextos e noutras geografias...

A rotina... na Republica [democrática] do Congo... tantas pessoas repetem tarefa após tarefa. Procurar um lugar seguro, avançar para matar, rezar porque traz conforto para a alma, negociar a vida que se esvai...

Até as crianças, que com a sua irreverencia e rebeldia natural fogem a qualquer tipo de regras e monotonias impostas. Até as crianças, neste caso falo das congolesas, repetem diariamente as suas tarefas: caminhar num mundo turvado pelo efeito constante de drogas, vestir as suas novas fardas, pegar em armas maiores que elas e disparar... disparar a matar [porque é um jogo], acreditar que um dia vão voltar às suas aldeias, que a família vai estar orgulhosa delas porque voltaram da guerra... mas mataram pessoas... perderam-se no mato e não vão voltar mais...

Futuros arrancados aos colos das mães. Futuros arrancados às brincadeiras na rua. Futuros sem amanhã.


Convenção sobre os Direitos da Criança, Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos da Criança relativo ao envolvimento de crianças em conflitos armados...

Calcula-se que possa haver 30.000 crianças associadas a forças ou grupos armados como combatentes, escravos sexuais e ajudantes.*


E vou terminar assim, abruptamente, a minha reflexão algo desconexa de hoje, deixando apenas um desafio a quem a ler: experimente não mudar já de assunto - porque é mais fácil - e reflicta também.

* Fonte: Unicef